quinta-feira, 7 de junho de 2012

Rainha da Pipoca, Rei do Amendoim: ERA uma vez...


Chiquinho de Assis
Passou-se o mês de Junho. Mês que traz as festas juninas, embora nos últimos anos temos vivenciado até festas julhinas, ou já chegaram nas agostinas? Será? Acho que não! (rsrsrsrs)
Pois é. Em Junho os santos Antônio, João e Pedro emprestam seus nomes às festas regadas à fogueira, pipoca, quentão, vinho quente, pé de moleque, canjica e agora votos. Mas como assim, votos?
Sim. Levei um enorme susto essa semana quando me deparei com alguns garotos que me indagaram:
– “Moço, compra um voto na minha mão?”
Sorri e respondi:
– “Meninos, isso tá dando um problema medonho. Em Brasília já processaram alguns. Como isso chegou até aqui?”
È claro que os meninos não entenderam nada. Olharam-me de forma estranha e logo se foram.
Mas aqui chamo a uma reflexão: como mudar processos culturais que se entranham na nossa cultura e tendem a se apodrecer com o passar dos anos? De que adianta a justiça brasileira atuar com objetividade coibindo ações como essa, da compra de votos, se as nossas crianças são iludibriadas nas escolas a ter atitudes como essas? Para algumas escolas a coisa funciona assim: quanto mais votos os alunos vendem, mais são as oportunidades de se sagrarem rainhas e reis DA PIPOCA, DO AMENDOIM, DA CANJICA, DO PÉ-DE-MOLEQUE, ETC. Pequenos reis e rainhas que, incentivados por instituições de ensino, INOCENTEMENTE começam a fazer parte da ignorância gerida pela corrupção que insiste em assolar o Brasil.
Há os que podem afirmar que não se deve mexer nas tradições. Há os que dizem ser exagero refletir desta forma.
“ – Os meninos estão apenas vendendo alguns votinhos, é brincadeirinha...”
“ – Ah deixa de exagero sô”
Contudo, nunca é demais lembrar que em outros tempos ousava-se, por tradição, cortar a cabeça de uns, dar surras – com varas de marmelo – em outros, queimar as supostas bruxas, bodocar passarinhos, e cometer inúmeras atrocidades. Sim. ERA tradição. Numa outra ERA. Por que então, não deixar essa ERA e em nome da tradição agir e reagir pelo bom senso?
Viva Santo Antônio, São João e São Pedro, que atravessaram séculos se legitimando como as maiores figuras do mês de Junho e, é claro, sem ter que comprar votos.