A serra do Veloso, bairro na entrada da cidade de Ouro Preto, é assim denominada por ter ali existido um rico explorador de ouro denominado Coronel Veloso. Esta serra guarda muitos segredos e riquezas arqueológicas que indicam caminhos, memórias, ciência, técnica e genialidade dos mestres escravos africanos.
Esta semana o Reservatório III - Reservatório Padre José Rocha Filgueiras, uma homenagem ao saudoso Padre Rocha - localizado na parte baixa do bairro, trouxe para muitos a supresa de uma linda Mina do século XVIII adornada com um portal em "tijolo à vista" de fins do séc XIX. Como se não bastasse, foi também revelado ali um chafariz que data de 1890 a poucos metros da Mina.
Surpresa para uns, lembranças para outros.
Construídos provavelmente quando do início do processo de captação da água da cidade por volta de 1890, essa mina, ao que tudo indica, passou a alimentar o reservatório III e também a conduzir água para a chácara da Água limpa (antiga casa dos Artistas, hoje Caps) de propriedade do Dr. Diogo de Vasconcellos, que à época era o presidente da Câmara de Vereadores de Ouro Preto. O Chafariz, que confirma a data, foi utilizado durante anos como meio de prover aos moradores da região água potável de fácil acesso, sem necessidade de adentrar ao reservatório ou à Mina para tanto. Anos mais tarde, o governo municipal resolve interromper a água deste chafariz e iniciar o processo de um poço artesiano conduzindo a água do chafariz para a captação. A esta época, meu querido pai trabalhava como manobrista neste reservatório, o que me levou lágrimas aos olhos, pois retornar ali e ver aquela Mina, era retornar à minha infância que havia sido recoberta por terra.
Sim. Recoberta por terra...
Cabe aqui agradecer aos moradores, que compareceram no local, cientes da importância histórica e cultural da redescoberta da mina e do chafariz. Agradecer também aos funcionários do Semae que com todo o zelo permanecem responsáveis pela gestão e distribuição do líquido da vida, agora repleto de memórias coloniais!!!!