quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Carnaval I


Chiquinho de Assis

“[...] Tempo do Carná na Rua São José / parecia até enchente da maré / mas hoje o desfile na praça / perdeu toda a graça /cercando o povão [...]”. Percebe-se nesse frevo do nosso querido Vandico apontamentos irreverentes que narram a história do nosso carnaval. Governo após governo há muitas discussões calorosas... e assim, diversas questões têm sido levantadas com relação ao nosso distinto e miscelâneo carnaval: Qual é o melhor local para o desfile das Escolas-de-Samba? O que fazer com os blocos das repúblicas? Como valorizar os blocos tradicionais? Qual foi o repasse da prefeitura para as Escolas-de-Samba e Blocos? Pagaram em dia? Quais os critérios para a criação de novos Blocos? Por que o som da rua tem hora para acabar e o do estacionamento da UFOP não tem? Por que se paga para entrar no Espaço Folia? Qual é o carnaval dos distritos? Este ano terá Candonguêro no Largo da Alegria? O que pensa a nova Secretaria? O que é essa tal de DM? Etc.

Amigos, foliões e todos aqueles que adoram se encontrar na festa de Momo e abraçar o ócio, precisamos refletir:

“Qual é o carnaval que cabe em Ouro Preto?”

Proposta pelo vereador do Partido Verde, Flávio Andrade, esta Audiência Pública irá abrir as portas da Câmara Municipal para que os interessados em discutir este polêmico e urgente assunto se manifestem. Será nesta Segunda-Feira dia, 26/11, às 19:00h.

Como cabe às audiências públicas esclarecer, avaliar, discutir e apontar caminhos, não podia deixar de já abrir uma reflexão: Ouro Preto é Patrimônio Cultural da Humanidade pela nossa peculiaridade geográfica, arquitetônica e, sobretudo, graças às mãos desse povo que, além de conservar o nosso patrimônio material (casas, igrejas, ruas, chafarizes, etc.), vem salva-guardando o nosso mais valioso patrimônio, a nossa imaterialidade. O nosso jeito de ser, de vestir, de enfeitar as ruas para as procissões, de tocar os sinos, de fazer doces, de ir aos distritos, e, por que não, de fazer o nosso carnaval? Neste sentido, cabe à nossa sociedade se posicionar diante dessa ameaça de nos transformar numa sucursal da Bahia. Como? Disseminando pelas nossas Ruas, Bares, Praças e Largos somente o som Beira-Mar e, por vezes nos esquecendo que o som Beira-Montanha tem os seus segredos. Segredos que aqui sobrevivem na bateria de nossas Escolas, no gingado do nosso Zé Pereira, na emoção extasiada do som da nossa Bandalheira, na lembrança da nossa Charanga do Carlota, no som pouco tocado dos nossos compositores... Como disse o nosso Edmundo Guedes “[...] Amanhã / Só se morrer que eu não caio no meio da multidão [...]”. Sendo assim, venha para Ouro Preto curtir o melhor carnaval de Ouro Preto. Mas antes disso:

Qual é o carnaval que cabe em Ouro Preto?” Segunda-feira, dia 26/11, às 19:00h na Câmara Municipal.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Heróis x Palácio da Injustiça


Chiquinho de Assis

Espantem-se! A mostra "Heróis", do fotógrafo Luiz Garrido foi barrada na Câmara dos deputados. E olha que a exposição não se chamava CPMI da...

Bastou que uma das fotos da exposição trouxesse a transformista Rogéria – de APENAS camisa e gravata – para que um enorme rebuliço fosse criado em torno da moral e da ética. Uma das alegações da casa era a de que a proibição se dava com base no estatuto da criança e do adolescente, que defende a inviolabilidade da integridade física e moral das crianças. Surpreendente! Com que objetividade o estatuto foi levado ao pé da letra, não acham? No entanto o tiro saiu pela culatra... A censura foi tão comentada na Internet, que qualquer menor que acesse os nossos sites de informação irão se defrontar com a tal foto proibida. Mas o que há de novo? Dia após dia as milionárias novelas nacionais trazem cenas muito mais calientes que a tal foto, e essas cenas distribuídas aos milhões de televisores nacionais sem sequer pedir licença aos telespectadores.

Mas no Congresso? NÃO....

Contudo, havia nesta exposição uma leitura inusitada de diversos outros nomes da cena nacional. O arquiteto Oscar Niemeyer, o sociólogo Betinho, o ex-presidente Fernando Collor, o senador Antônio Carlos Magalhães, o técnico Zagallo, ou seja, a temática não era transformista, nem, tampouco, sexual. Ora, até o presidente Lula – que aparece em uma imagem fumando um charuto – e o deputado Fernando Gabeira – de paletó, gravata, short e chinelo – aparecem na exposição. Diante de todos esses nomes contemplados a proibição deve-se somente ao fato/foto da Roberta?

Mistérios....

E o que diz a casa?

Em nota, divulgaram que o Congresso “não é espaço apropriado para exposições que possam gerar constrangimentos de qualquer natureza".

Vocês acreditam?

Os aumentos indevidos de salário, os escândalos rotineiros, os conchavos inescrupulosos, as arapongagens eleitoreiras, não nos constrangem? Rsrsrs.

Mas há um prêmio de consolação, a curadora, Karla Osório Netto, poderia colocar a foto de Rogéria dentro de uma cabine, isolada das demais. Kkkkkkkkkkkkkkk...

Como ela se recusou, decretaram:

– Cancelada!

Pois é, a exposição que seria de 11 dias foi cancelada. Local? “Salão Negro” da Câmara dos Deputados. Com isso sugerimos uma série de novos possíveis nomes ao Salão: “Salão da Vergonha”, “Salão Nada A Ver”, “Salão Mostra Não”...

Diante deste gesto retrógrado, podemos nos remediar com o fato de que a exposição ganhou uma grande assessoria de imprensa conquistada às custas da repudia a este ato censor de uma casa que é alvo dos questionamentos e da incredibilidade por grande parte da nação brasileira.

Enquanto isso no Palácio da Injustiça...