Execução de Tiradentes - Guignard 1961 (Coleção Particular) |
Ouro Preto 21 de Abril
de 2014
Há anos, a cidade da
inconfidência vem convivendo com um gesto governamental que desagrada os que
vivem em Ouro Preto. Fruto de um fausto condecorativo que inverte o fundamento principal
por um grito de liberdade, os cidadãos se veem impedidos de adentrarem
livremente a praça alcunhada pelo nome do mártir sentenciado. Talvez ignorando
o motivo pelo qual a estátua erguida se encontra de costas para o antigo
palácio do governo, os senhores que protagonizam o gesto de honraria, convivem,
há tempos, com a desonra na mente dos que, nesta data, são tolhidos de
exercerem a mais importante garantia constitucional, o direito de ir vir.
Pudéssemos ter no 21 de abril:
- 21 pessoas escolhidas no seio da sociedade para serem homenageadas, ao contrário de centenas de homens e mulheres indicados pelo vértice questionável da vaidade politiqueira;
- Pudéssemos expor, de forma democrática, 21 temas que assolam a exploração e a ingerência do país, do estado e dos municípios;
- Pudéssemos ter 21 dos muitos movimentos organizados e de ideologia social se manifestando de forma livre em praça pública;
- Pudéssemos ter 21 tributos queimados em praça pública desonerando o povo brasileiro;
- Pudéssemos levantar 21 cartazes propondo uma nova inconfidência.
Não. Não podemos. Estamos
impedidos de nos manifestar. A cantilena do estado contemporâneo não permite a
polifonia da democracia. Os inconfidentes atuais, também estão proibidos de se
aproximarem. Se você não coaduna com o jogo midiático e de interesse
mono-partidário que assola a praça do povo, está barrado. Barrado no dia da
liberdade. A praça do 21 de Abril, é sem povo. Povo no sentido livre da palavra
sem manobra.
Neste 21 de abril, mais uma
vez, veremos ser enforcada, em praça
pública, a nossa liberdade cidadã.
A certeza é que os agraciados em
praça pública são confidentes de outros interesses... (com raríssimas excessoes)
Charge - Neto Medeiros |
Medalhas, Palanques, Gradis, Cassetetes:
OURO PRETO NÃO TE QUER MAIS.
Ouro Preto quer sim, assim como
todo o sempre, SER INCONFIDENTE, na essência da liberdade do conspirar.
Carecemos de novos representantes
que promulguem uma nova inconfidência despida de sentimento neo-liberal, que
combata não mais “O QUINTO”, mas uma das
mais altas cargas tributárias do mundo.