segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Brasil x Alemanha: Nossas Mulheres?


Chiquinho de Assis

Na “terra do futebol”, assim diz a mídia e os amantes da pelota, o preconceito “Mulher x Futebol” ainda prevalece de maneira desprezível. Mas basta um “drible da vaca” de calcanhar e pra completar da Marta, que logo surge a expressão: “Nossas meninas”.
Sim. Só assim, quando em evidência essas mulheres passam a ser nossas. Mas no país do futebol, acreditem se quiser, não as valorizamos.

Você sabia, que embora as mesmas tenham sido campeãs do PAN 2007 até hoje não receberam seus prêmios em dinheiro? Sabia que muitas dessas jogadoras são bem mais conhecidas na Europa do que em terras brasucas? Que essas mulheres dedicam grande parte do tempo da sua vida seqüestradas pelo sonho de um campeonato brasileiro que só depende da promessa e da benevolência dos nossos cartolas?

Já do outro lado a Alemanha. Sempre lembrada como antigo país preconceituoso, devido aos feitos nazistas ainda hoje repugnados por grande parte da humanidade, é um país que respira o futebol. Lá, você sabia que existe um campeonato nacional de futebol feminino com 12 equipes? Sabia que todas elas recebem os seus vencimentos e são, sobretudo, respeitadas enquanto jogadoras de futebol? Que todas elas têm estrutura de treinamento e atendimento dignos de um esportista profissional?

Enquanto isso...

Nós do país da miscigenação reinante, do país do futebol, da mulher brasileira, do molejo, somos preconceituosos com o futebol. Preconceituosos por não investir, mas sim venerar. Não divulgar, mas vender. Por não compensar, mas exigir.

Há os que pensam que a alegria desfilada em campo pelas atletas verde-amarelas fazia parte de uma brincadeira. Embora seja comum que nossos esportistas trabalhem felizes, brincadeira, Senhores, talvez seja o salário dos nossos "Fenômenos", "Dentuços" e "Carecas" da bola – todos no masculino – em detrimento da grande maioria dos esportistas nacionais.

E elas perderam o Jogo, 2 x 0.

Vergonha?

Não. A Marta jogou. Ou desmaiou no vestiário? Teria entrado em campo sob pressão da bebida marrozinha?

O caminho para o orgulho das nossas mulheres do futebol está aberto. Foi uma derrota com sabor de vitória. Antigamente dizíamos: “que pelada”, Domingo dissemos: “Ah se não fosse a Angerer, que goleira!”.

Pois então! O resultado foi justo para as duas equipes – que jargão, rsrsrs. Deixando de lado a paixão de torcedor, não seria justo ver tanto investimento, tanto respeito e tanta invencibilidade voltar pra casa sem o merecido título. Ao mesmo tempo, a bola e a chuteira de ouro são nossas. Ou melhor, da Rainha. Ela, que melhor que em um conto de fadas, fez com que a pobreza do árido brasileiro visse a sua princesa adentrar, de forma dançante, o tapete verde do palácio da bola, e isso, é claro, com a sutileza requebrante da mulher brasileira.

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