quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Chico Triste, o Chico mais Feliz de Ouro Preto


Chiquinho de Assis

Foto: Héber Bezerra

No último dia 07 de dezembro Ouro Preto deu Adeus a um de seus ilustres e queridos filhos. Francisco de Paula Ferreira e Souza o nosso querido Chico Triste.

Dono de uma fantástica e carismática personalidade, Seu Chico trazia em seu sorriso a esperança de um eterno apaixonado pela vida. Pai de uma feliz e sedutora família, Seu Chico sempre foi motivo de inspiração. Seja pelo seu lindo e estampado sorriso, pela sua fala mansa, mineira e iluminada, ou pelas suas hábeis mãos que tanto brindaram as retretas, procissões e o imaginário dos sons da Banda Bom Jesus das Flores, a Banda do Alto da Cruz, com o seu precioso e vibrante tarol. O rufar do tarol de Chico Triste era algo musicalmente invejável: matreiro, sonoro, e repleto de gingado.

Em meados de 2006 tivemos a oportunidade de homenageá-lo juntamente com seu Totonho na série “Ouro Preto Pessoas e Lugares”. Série executada pela Orquestra Ouro Preto. Naquele momento tivemos um contato bem próximo e, na ocasião, tentamos decifrar de onde vinha aquele apelido de “Triste”, apelido que conflitava com a alegria sempre presente em suas conversas. E eis que seu Chico nos remete ao tempo de sua infância. Nos contou que quando era criança, gostava de subir ao adro das Dores e lá observar a meninada a jogar bola mas, entretido com o ver jogar, com a cidade e com tantas outras coisas, não entrava, quase nunca, na brincadeira. Algumas senhoras que sempre ali estavam cuidando da obrigação diziam: “Que menino amuado, não brinca com os outros...” “Chico você está triste?” Daí, a sonoridade, mãe das alcunhas brasileiras, fez-se valer. Chico Triste. Logo, de comentário em comentário, o apelido pegou. Mal sabiam essas senhoras que marcavam ali, naqueles dias daquela antiga Ouro Preto, a nomeação de um dos apelidos mais queridos da cidade.

Seu Chico era amante da música, dizia em bom tom: “Já toquei muito Jass no Quinze. Era eu, Totonho, Argemiro, Marzano, e muitos mais. Jass. Tempo bão, tempo bão”. Por obra do destino, o bom e velho Clube do XV de Novembro recebia agora o corpo deste músico tão querido. Ao seu lado estavam a eterna companheira, esposa, amiga e mãe dos filhos e o amigo músico Seu Totonho. O amor, os amigos a música e o lugar de tantas alegrias, também agora lugar da despedida. Uma despedida de casa cheia onde mais que tristeza estava no ar a admiração pelo homem de sorriso aberto que desfilava as ladeiras sempre observando e ouvindo a cidade que tanto amava. Seu corpo foi sepultado na igreja de Santa Ifigênia, e o badalar dos sinos desta igreja, com toda certeza, despertava na memória de todos os que ali estavam, o som das baquetas de seu Chico assinando as páginas da lembrança imortal que este grande homem terá em nossas vidas.

Seu Chico, a sua passagem na terra sempre nos fará lembrar do homem que de Triste só tinha Sorrisos. Descanse em Paz, mas claro que tocando na percussão divina.

3 comentários:

  1. Chico Triste era justamente o oposto ao dito pelo apelido. Suas palavras, Chiquinho, confirmam o que sempre vi no Chico Triste: uma extraodinária figura humana. E tinha que estar ligado a banda de música!

    Nylton Gomes Batista

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  2. Chiquinho:triste ficamos nós.Menos um.Victor.

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  3. Tem gente que passa por aqui, mas fica pra sempre...

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