quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

CBN por Philipe Passos


Ontem surgiu uma estrela no oriente e hoje, logo de manhã, uma pomba branca me trouxe um ramo de candeia, afinal são raras as oliveiras nestas paragens - tenho conhecimento de uma, e somente uma, bem plantada e frutificando em Venda do Campo, pequena localidade situada pouco antes de Lavras Novas e berço e residência de Cida, auxiliar lá de casa. Bons sinais. Fim do dilúvio. Pausa para secar as roupas, retirar o mofo dos sapatos e armários e, ainda, para livrar minha alma de preocupações alarmantes e grandes sobressaltos

Hoje também Cida tirou o dia de folga em razão de uma consulta médica, logo fiquei privado das notícias frescas, bem como de seu aprazível café da manhã, que tive, eu mesmo e sabe-se lá como, que preparar. Mas o incômodo maior foi o da ausência de Cida e de suas notícias. Explico.

Apesar de residente em Venda do Campo e de só vir a Ouro Preto uma ou duas vezes por mês, Cida é extremamente bem informada. Creio ser possuidora de uma vasta rede de contatos, um oráculo mesmo, o que a faz saber de tudo um pouco do que acontece.

De tempos pra cá, acompanhando a tendência da grande mídia, ela especializou-se em notícias trágicas e impactantes: Terremotos, enchentes e outros desastres, naturais ou não, crimes violentos, assassinatos... por aí afora....

Agora, peculiar mesmo é a maneira que as notícias são apresentadas. Sem alarde, até com alguma monotonia, os fatos são relatados em seqüência de gravidade, porém sem nenhuma alteração em sua voz pausada e triste e em sua expressão, que é fria e inquiridora. Fria porque Cida, como convém ao bom jornalista e a seu particular manual de redação, dá a notícia como ela ocorreu, e inquiridora por, através de seu olhar melancólico, transferir o acontecido e junto com ele sua causa, futura providência corretiva ou culpa para mim, seu ouvinte matutino e omisso.

Então, nesta manhã, fiquei impossibilitado de ouvir a CBN – a popular Cida Bad News, a rádio que transmite a partir de Venda do Campo para o Brasil e, quiçá, o mundo. Por tudo isso busco neste portal pelas “últimas”, apesar de perceber pelos sons do cotidiano que a vida nesta pacata cidade vai aos poucos voltando ao seu curso normal.

Um comentário:

  1. Belo texto, Philipe. Bela inserção, Chiquinho. Que OP e outras cidades de MG retomem seus fluxos normais com menos, menos chuvas...

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