terça-feira, 30 de setembro de 2014

Dona Nenzinha do Antônio Dias – Patrimônio de Cultura e Fé



Foto: Museu do Aleijadinho
Ouro Preto se despediu no mês de Setembro de Dona Efigênia Sacramento Ferreira, a Dona Nenzinha do Antônio Dias. Figura forte, carinhosa, zelosa e detentora de saberes minuciosos do rito da fé. Seja ela solene ou popular.
Viúva de Seu Moacir Ferreira, há décadas, se dedicou à vida religiosa da nossa cidade como poucas pessoas.
Escrevo este texto no exato momento em que dobram e repicam os sinos das Mercês de Baixo e de Cima, pois se comemora esta semana o dia de Nossa Senhora das Mercês. E foi no templo das Mercês e Perdões (Mercês de Baixo) que Dona Nenzinha dedicou grande parte de sua vida como fiel zeladora e Prioreza desde 1983. Teve a alegria de ver ano passado o templo restaurado onde foi celebrada a festa das Mercês e também o Jubileu da Conceição. A igreja que outrora foi sede das celebrações do irmão de Aleijadinho (Padre Félix Antônio Lisboa), nos últimos anos esteve nas mãos zelosas de Dona Nenzinha.
Ministra da Eucaristia, Irmã de Veneráveis Ordens Terceiras e Irmandades seculares, D. Nenzinha teve o seu último dia anunciado pelas igrejas de Antônio Dias. O sinal fúnebre de sua morte, jamais tocado com tanto brio pelos sinos das Mercês, convocou toda a comunidade paroquial para ir se despedir de uma grande figura humana e de fé.
Ouso dizer que as nossas tradições religiosas da antiga Vila Rica, no que se refere aos leigos, hoje se vê amparada sob a salvaguarda de duas famílias. Pela família Sacramento do lado Paulista e Jacuba de Antônio Dias e pela família Gomes (Roxo) do lado Português, Mocotó do Pilar. No fim do ano passado o Pilar se despediu de Brasilina Gomes e esse ano o Antônio Dias se despede de D. Nenzinha Sacramento. O que nos alivia é saber que do lado do Pilar ainda temos Geralda, Aparecida e toda a família “Roxo” para continuar zelando por essas tradições. Assim, como o Antônio Dias conta com D. Irene, D. Meire, Seu Maurício e toda a família Sacramento.
Mas ficam  perguntas: o que será da Festa da Santa Cruz, a festa do Amendoim, da  Ponte de Marília, sem o Ofício puxado pela voz firme de D. Nenzinha? Como ficará a Igreja das Mercês de Baixo sem o olhar carinhoso de D. Nenzinha?
Setembro deu adeus a essa célebre senhora, patrimônio de vida, baluarte das nossas tradições. Mas fica o exemplo, a memória, o caminho de retidão. Tenho orgulho em, no ano passado, ter felicitado d. Nenzinha quando foi agraciada com a Medalha do Aleijadinho. Justa homenagem feita em vida, o que é mais importante.
Os sinos repicam, é dia das Mercês, dona Nenzinha descansa em paz e lá de cima ainda zela por Ouro Preto, sua eterna Vila Rica querida. O céu acolheu um dos anjos mais especiais que passou por essa cidade. O Antônio Dias sente sua falta...
Dona Nenzinha deixou dois filhos: José Antônio e Regina Célia. A eles, deixo todo o sentimento de respeito e gratidão pelos belos exemplos e ensinamentos de vida.
Descanse em Paz Dona Nenzinha.

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