Foto: Museu do Aleijadinho |
Viúva de Seu Moacir Ferreira, há décadas, se dedicou à vida
religiosa da nossa cidade como poucas pessoas.
Escrevo este texto no exato momento em que dobram e repicam
os sinos das Mercês de Baixo e de Cima, pois se comemora esta semana o dia de
Nossa Senhora das Mercês. E foi no templo das Mercês e Perdões (Mercês de
Baixo) que Dona Nenzinha dedicou grande parte de sua vida como fiel zeladora e
Prioreza desde 1983. Teve a alegria de ver ano passado o templo restaurado onde
foi celebrada a festa das Mercês e também o Jubileu da Conceição. A igreja que
outrora foi sede das celebrações do irmão de Aleijadinho (Padre Félix Antônio
Lisboa), nos últimos anos esteve nas mãos zelosas de Dona Nenzinha.
Ministra da Eucaristia, Irmã de Veneráveis Ordens Terceiras e
Irmandades seculares, D. Nenzinha teve o seu último dia anunciado pelas igrejas
de Antônio Dias. O sinal fúnebre de sua morte, jamais tocado com tanto brio
pelos sinos das Mercês, convocou toda a comunidade paroquial para ir se
despedir de uma grande figura humana e de fé.
Ouso dizer que as nossas tradições religiosas da antiga Vila
Rica, no que se refere aos leigos, hoje se vê amparada sob a salvaguarda de
duas famílias. Pela família Sacramento do lado Paulista e Jacuba de Antônio
Dias e pela família Gomes (Roxo) do lado Português, Mocotó do Pilar. No fim do
ano passado o Pilar se despediu de Brasilina Gomes e esse ano o Antônio Dias se
despede de D. Nenzinha Sacramento. O que nos alivia é saber que do lado do
Pilar ainda temos Geralda, Aparecida e toda a família “Roxo” para continuar
zelando por essas tradições. Assim, como o Antônio Dias conta com D. Irene, D.
Meire, Seu Maurício e toda a família Sacramento.
Mas ficam perguntas: o
que será da Festa da Santa Cruz, a festa do Amendoim, da Ponte de Marília, sem o Ofício puxado pela voz
firme de D. Nenzinha? Como ficará a Igreja das Mercês de Baixo sem o olhar
carinhoso de D. Nenzinha?
Setembro deu adeus a essa célebre senhora, patrimônio de
vida, baluarte das nossas tradições. Mas fica o exemplo, a memória, o caminho
de retidão. Tenho orgulho em, no ano passado, ter felicitado d. Nenzinha quando
foi agraciada com a Medalha do Aleijadinho. Justa homenagem feita em vida, o
que é mais importante.
Os sinos repicam, é dia das Mercês, dona Nenzinha descansa em
paz e lá de cima ainda zela por Ouro Preto, sua eterna Vila Rica querida. O céu
acolheu um dos anjos mais especiais que passou por essa cidade. O Antônio Dias
sente sua falta...
Dona Nenzinha deixou dois filhos: José Antônio e Regina
Célia. A eles, deixo todo o sentimento de respeito e gratidão pelos belos
exemplos e ensinamentos de vida.
Descanse em Paz Dona Nenzinha.
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