sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Seu Chico da Quitanda: dor da perda, Grata Lembrança


Foto: Acervo da Família

Na última sexta-feira, Ouro Preto sepultou um dos seus mais queridos habitantes. Seu Chico. Francisco Laurindo Teixeira era uma pessoa de alma incrível. Olhar compenetrado, mãos e foco no trabalho. Um visionário que marcou de uma vez por todas Ouro Preto.
Nascido em Mutum - MG em fevereiro de 1933, o jovem Francisco passa por Mantena (MG) e chega a Ouro Preto em 1968. Sim, em 68.
Se para muitos, 1968 fora “o ano que não acabou”, o ano da morte de Bob Kennedy, da morte de Luther King, da Primavera de Praga na Tchecoslováquia, das Manifestações de Maio na França, do Ato Institucional – 5, no Brasil, entre outros acontecimentos, para Ouro Preto, 1968, foi também o ano do encontro e da surpresa. O jovem Chico iniciaria uma história de trabalho e sucesso no Largo do Cinema. Como pipoqueiro iniciou ali as suas atividades comerciais. Visão de empreendedor, levou a pipoca aos que iriam saborear a arte de um cinema censurado de 68.
Da porta do cinema, para a quitanda... Em outubro daquele ano surge a quitanda. A Quitanda do seu Chico. Quitanda que marcou a vida de Ouro Preto, situada na entrada da rua que é a artéria principal da nossa vida comercial.
Dez anos depois, em 1978, o seu olhar humano e a sua fé na recuperação, faz com que seu Chico traga a Ouro Preto o primeiro Grupo de Alcóolicos Anônimos da cidade. Sua carteirinha é a de número 1. Esse “AA” foi um marco que, mais tarde, contribuiria para a vida social da cidade. Um abraço à regeneração humana. Portanto, Seu Chico buscou a sobriedade e, amparado pela luz da serenidade, da coragem e da sabedoria, edificou a sua história recheada de bons exemplos.
Os bons exemplos foram a tônica das lembranças no momento de sua despedida. Filhos, sobrinhos, netos, amigos e a cidade sentiam no ar a energia do bem. De alguém que, com tanta dedicação cravou, com respeito, bondade e humildade, o seu nome nessa terra inconfidente.
Dos filhos José Laurindo, Terezinha, Silvano, Francisco, Ana Celia e Renata percebia-se uma dor amenizada pelo orgulho do pai que tiveram. Dos aplausos de despedida via-se emergir um sonoro canto emocionado dos netos que ia de encontro à sublime dor do Adeus. Ouso dizer à querida amiga artista Ana Célia, que aquele dia nos brindou com uma obra que tatuou a despedida. As cores e os sons do lugar se substantivaram naquele Adeus.
E a vida segue. Dias depois, portas abertas... Silvano, leal escudeiro, permanece ali sereno e atento ao lado da família, sua mulher Maria e seus filhos e amigos, Nando e P.H. A falta é preenchida pela lembrança. Quanto à dor, tenho certeza de que os primos Fatinha e Manoel sempre estarão prontos, ali do lado, para ajudar a suportar. Já a esperança, essa se renova na fortaleza da família que construíram.
Seu Chico, Ouro Preto lhe agradece por ter marcado nossa história com tanta dedicação e exemplo.
Descanse em Paz!!!!

2 comentários:

  1. Em minha monografia de jornalismo, defendi o que ocorre na Folha de São Paulo e no New York times, quando pessoas queridas à memória de um lugar é lembrada na crônica de um lugar. Você fez isso com relação ao Sr. Chico da Garapinha. Parabéns

    Elisabeth Camilo

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  2. Saudades do meu tio Chico, homem sereno e de uma bondade incrível, servo de Deus.Quatro anos sem vc.

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