Foto: Acervo da Família |
Na última sexta-feira, Ouro Preto
sepultou um dos seus mais queridos habitantes. Seu Chico. Francisco Laurindo
Teixeira era uma pessoa de alma incrível. Olhar compenetrado, mãos e foco no
trabalho. Um visionário que marcou de uma vez por todas Ouro Preto.
Nascido em Mutum - MG em
fevereiro de 1933, o jovem Francisco passa por Mantena (MG) e chega a Ouro
Preto em 1968. Sim, em 68.
Se para muitos, 1968 fora “o ano
que não acabou”, o ano da morte de Bob Kennedy, da morte de Luther King, da
Primavera de Praga na Tchecoslováquia, das Manifestações de Maio na França, do
Ato Institucional – 5, no Brasil, entre outros acontecimentos, para Ouro Preto,
1968, foi também o ano do encontro e da surpresa. O jovem Chico iniciaria uma
história de trabalho e sucesso no Largo do Cinema. Como pipoqueiro iniciou ali
as suas atividades comerciais. Visão de empreendedor, levou a pipoca aos que
iriam saborear a arte de um cinema censurado de 68.
Da porta do cinema, para a
quitanda... Em outubro daquele ano surge a quitanda. A Quitanda do seu Chico.
Quitanda que marcou a vida de Ouro Preto, situada na entrada da rua que é a
artéria principal da nossa vida comercial.
Dez anos depois, em 1978, o seu olhar
humano e a sua fé na recuperação, faz com que seu Chico traga a Ouro Preto o
primeiro Grupo de Alcóolicos Anônimos da cidade. Sua carteirinha é a de número
1. Esse “AA” foi um marco que, mais tarde, contribuiria para a vida social da
cidade. Um abraço à regeneração humana. Portanto, Seu Chico buscou a sobriedade
e, amparado pela luz da serenidade, da coragem e da sabedoria, edificou a sua
história recheada de bons exemplos.
Os bons exemplos foram a tônica
das lembranças no momento de sua despedida. Filhos, sobrinhos, netos, amigos e
a cidade sentiam no ar a energia do bem. De alguém que, com tanta dedicação
cravou, com respeito, bondade e humildade, o seu nome nessa terra inconfidente.
Dos filhos José Laurindo,
Terezinha, Silvano, Francisco, Ana Celia e Renata percebia-se uma dor amenizada
pelo orgulho do pai que tiveram. Dos aplausos de despedida via-se emergir um
sonoro canto emocionado dos netos que ia de encontro à sublime dor do Adeus.
Ouso dizer à querida amiga artista Ana Célia, que aquele dia nos brindou com
uma obra que tatuou a despedida. As cores e os sons do lugar se substantivaram
naquele Adeus.
E a vida segue. Dias depois, portas
abertas... Silvano, leal escudeiro, permanece ali sereno e atento ao lado da
família, sua mulher Maria e seus filhos e amigos, Nando e P.H. A falta é
preenchida pela lembrança. Quanto à dor, tenho certeza de que os primos Fatinha
e Manoel sempre estarão prontos, ali do lado, para ajudar a suportar. Já a
esperança, essa se renova na fortaleza da família que construíram.
Seu Chico, Ouro Preto lhe
agradece por ter marcado nossa história com tanta dedicação e exemplo.
Descanse em Paz!!!!
Em minha monografia de jornalismo, defendi o que ocorre na Folha de São Paulo e no New York times, quando pessoas queridas à memória de um lugar é lembrada na crônica de um lugar. Você fez isso com relação ao Sr. Chico da Garapinha. Parabéns
ResponderExcluirElisabeth Camilo
Saudades do meu tio Chico, homem sereno e de uma bondade incrível, servo de Deus.Quatro anos sem vc.
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