sexta-feira, 20 de abril de 2012

Abril (Memória)



No mês de abril, são comuns ao calendário brasileiro três comemorações que sempre me inquietaram, e muito. Em ordem são as seguintes: o dia do índio, a morte de Tiradentes e o descobrimento do Brasil. Mas reflitamos...
Do ponto de vista dos índios, quanto sofrimento... A demarcação de suas áreas vem se arrastando a dezenas de anos e sempre é cercada de dilemas. Enquanto isso, o povo indígena sofre cada vez mais com o nosso preconceito. Preconceitos vindos das fabricações a que sempre estivemos sujeitos. E nos ensinaram na escola a ver o índio de arco e flecha na beira de um rio, ou amassando tapioca e fazendo festa, ao huhuhuhuhu... E até hoje, muitos acreditam ser absurdo um índio ter um carro, uma televisão, uma antena parabólica, casa, roupas, rádios, etc. e se esquecem que, a pouco tempo atrás, eram os negros que se viam marginalizados quando conseguiam posses e bens materiais. Mas o esquecimento é natural quando não se atenta para a memória, pois o índio está muito mais perto do que pensamos. Aqui mesmo na nossa região fora registrada a presença de tribos indígenas, mas nós? Sequer sabemos da memória dos nossos que foram vitimados em face de diversos confrontos com os que aqui chegavam. E aqui cito confronto, não somente no sentido da luta armada, mas também da luta ideológica, da perda da identidade, da aculturação. E como herdeiros nos esquecemos e somos coniventes com esta falta de memória. Onde está a memória dos nossos índios? Ao menos, não podemos negar o quão comum é encontrarmos no dia-a-dia rostos tão marcados por essas etnias em nossas terras. E por falar em terras, ficamos revoltosos e por falar em reviravolta vamos ao Tiradentes...
Pois é, e se lembram do mártir... Joaquim José da Silva Xavier. O homem vindo de São José Del Rei, hoje cidade de sua alcunha: Tiradentes. Terra do alferes, do militar, do preso, julgado, condenado e morto. Ou assassinado? Da luta à luta...
E o Morro de Santa Quitéria, hoje praça Tiradentes, na ocasião das solenidades do 21 de abril, se encontrava repleto. Ali estavam homens, mulheres e crianças. Alguns curtindo a felicidade de levantar bandeiras, gritos e cantos, por vezes sem saber “pra que” e “por que”. Mas gritavam e como gritavam... Outros, estavam para ver “de perto” os políticos, os artistas e as autoridades, que por vezes, aqui apareciam e eram condedorados. Havia também os manifestantes que contra e a favor exibiam uma extensa lista de tópicos: políticas, regimes, políticos, economias, empregos, salários, terras, tetos e por aí vai... Mas no entorno, os policiais, alguns em traje de gala, outros em trajes comuns, mas “pela ordem” separaravam o povo dos representantes do povo, como que numa alusão metafórica a um conto de final INFELIZ. E lá estavam: súditos, guardas, dragões, políticos, autoridades e o povo. Palmas, vaias, apertões, suores, tochas, piras, flores e coroas, tudo aos pés do mártir que, por ironia do gesto, está de COSTAS para o palácio do governador. Muita homenagem... Mas uma certeza meu caro Joaquim José, o povo tem almejado ser mais inconfidente que a primeira inconfidência aristocrática que aqui jazia. E uma coisa já é certa, as nossas forças militares te tem como patrono e, por isto, o povo se sente “melhor” impedido de se aproximar? Reflexão, memória. Nos dias atuais uma parafenália impede com que o povo e as suas dicotomias, reinvindicações, vaias, aplausos, etc estejam presentes. O governo, os militares, a parafernália e a estética do afastamento pincelam a nublagem para os olhares populares.
Movimento interrompido, tropas oficiais e viva o Brasil...
Justamente no dia seguinte à lembrança inconfidente, se comemora a descoberta do Brasil. "Operação Monte Carlo", "Cachoeira", "CPI", "Código Floreta"l, "Falta de Reforma Política", etc. E depois do mês de abril, resta entender um pouco mais desta descoberta antecedida por tristes e vivos fatos. Com ou sem memória?

Um comentário:

  1. Creio eu com memória.O passado e a lembrança servem para refletirmos o que se cometeu de errado e o certo.Agora de iremos sorrir ou chorar,dependerá do futuro que queremos,no voto que daremos nas eleições presente.E viva a canção: "Joaquim José da Silva Xavier,morreu a vinte de abril pela independencia do Brasil,foi traído e não traiu jamais a Inconfidência de Minas Gerais".Saúde!

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