quinta-feira, 19 de abril de 2012

Nós, Kraí. Eles, Krenak

Adriana Kambeba - estudante de medicina UFMG

Isso, sob uma visão do povo Krenak que designavam a nós, os brancos, como Kraí e a si mesmos, assim como a todos os índios, por Krenak. Fato comum dentro de um processo de confronto étnico cultural onde, por exemplo, os portugueses denominavam os índios como Botucudos, devido aos adereços e adornos utilizados nos lábios e orelhas indígenas.
Hojé, tarda o momento de sairmos desse processo por vezes romantizado que cerceia o universo da memória indígena, principalmente a escolar, e partirmos para um universo de conquistas. Características básicas de um país que pretende se afirmar dentro de um processo de desenvolvimento internacional.
Há tempos atrás, era comum ouvirmos preconceitos das mais diversas feitas quando, por exemplo, víamos um negro namorando uma loira. Quando víamos um negro desfilando em um carro de luxo. Quando víamos um negro em algum lugar de destaque em nossa sociedade... Hoje, embora ainda haja resistência e preconceito para com a causa do negro, houve avanços, mas urge o momento de consolidarmos ações que nos façam ver que os povos indígenas também necessitam ser legitimados dentro da nossa sociedade enquanto povos com direitos universais.  Aprendemos que o índio deveria ficar com o seu tacape na beira do rio, deveria morar somente em sua oca... Achamos um absurdo ver um índio com antena parabólica em sua casa.  Uma antena via sinal de satélite? É um absurdo. Um índio de carro conversível? Não pode, ele deveria estar sempre descalço e a pé. No máximo os índios stadunidenses num cavalo cor de fogo... rsrsrs Mas, no entanto, nós "brancos" podemos. Podemos andar nos melhores carros, termos os melhores sinais e canais de comunicação, estarmos em grandes centros urbanos,  dentro das melhores faculdades e, mais ainda, podemos nos dar o direito de termos as terras desses índios, que alguns dizem: "estarem muito moderninhos e quererem de tudo". "Ou uma coisa, ou outra", dizem: "Ou eles se tornam urbanos ou fiquem lá no meio da floresta, desde que sua terra não seja a minha, a de vovô ou aquela que acho que foi a de meu bisavô". Isso, se meu tataravô não tiver colocado pra correr o tataravô deste índio que sempre está, "como um folgado, nos incomodando".
Pois é, reflitamos na certeza de que estes nossos irmãos, das mais diferentes etnias, são merecedores dos mesmos respeitos com que tratamos os mais diferentes sobrenomes encontrados em meio às relações brancas . Temos que nos lembrar sempre que somos da mesma raça, a RAÇA HUMANA, nos distinguindo em sutilezas étnicas acompanhadas de visões de mundo distintas a que chamamos cultura.
Segue um pouco do retrato das comunidades indígenas distribuídas hoje em Minas Gerais.
Minas hoje possui atualmente 12 etnias indígenas espalhadas em 17 territórios pertencentes ao tronco linguístico “Macro-Jê”. Totalizando aproximadamente 11 mil indivíduos que estão representados a partir das seguintes etnias:
Maxakali: Situados no nordeste de Minas Gerais, entre os vales do Mucuri e do Jequitinhonha vivem em quatro áreas, as aldeias de Água Boa, município de Santa Helena de Minas; aldeia de Pradinho e Cachoeira, no município de Bertópolis; aldeia Verde, no município de Ladainha e no distrito de Topázio, no município de Teófilo Otoni;
Xakriabá: Antigos habitantes do Vale do São Francisco o povo Xakriabá, vive no município de São João das Missões, Norte de Minas Gerais, a 720 Km de Belo Horizonte;
Krenak: habitante da margem esquerda do Rio Doce, município de Resplendor, na região Leste de Minas Gerais;
 Aranã: Sua aldeia está na região de  Itambacuri, de onde saíram os ancestrais dos Aranãs de hoje, para o trabalho em fazendas na região do Vale do Jequitinhonha;
 Mukuriñ: vivem no município de Campanário;
 Pataxó: Há um grupo que ocupa a Fazenda Guarani, no município de Carmésia/MG, um grupo que vive no município de Itapecerica na Aldeia Muã Mimatxi e um grupo que vive na aldeia Jundiba Cinta Vermelha, no município de Araçuaí, juntamente com uma família de Pankararu;
 Pataxó hã-hã-hãe: Vivem em pequeno grupo no município de Teófilo Otoni;
Atu-Awá-Arachá: Se encontram em Araxá, Minas Gerais, devidamente organizados na Associação Andaiá
 Caxixó: Vivem na Comunidade Capão do Zezinho entre os municípios de Martinho Campos (fazenda Criciúma) e Pompéu (fazenda São José) – região centro-oeste mineira (aproximadamente 206 km de Belo Horizonte)
 Puris: Vivem no município de Araponga região da Mata;
 Xukuru-Kariri: Vivem no município de Caldas, na região sul do Estado. 
 Pankararu:  Originários de Pernambuco, o grupo familiar de 'Seu' Eugênio Cardoso da Silva e Benvinda Vieira migrou desta região em busca de melhores condições de vida para seus filhos, tendo, durante quase 30 anos convivido com outros povos, como: Krahô, Xerente, Karajá e os Pataxó de Minas Gerais.
Além disso temos famílias desses povos espalhados pela região metropolitana de Belo Horizonte. Famílias de etnias diversas oriundas de Minas Gerais e de outros estados brasileiros.
É hora de nos atentarmos para que a política fundiária no Brasil reflita sobre estes nossos primeiros habitantes. Para que estes possam se sentir respeitados nas suas riquezas culturais, ambientais, religiosas, parentais, etc
KRAÍ, KRENAK VIVE!!!!            


Fonte: http://www.cedefes.org.br/index.php?p=colunistas_detalhe&id_pro=7

4 comentários:

  1. Olá, amei seu post, sou indígena Krenak, estou em BH estudando na UFMG, e acredite q fiquei muito feliz em saber q há pessoas q reconhecem q as aldeias indígenas tbm evoluem e q indígena não é só aquele q vive no meio do mato!

    ResponderExcluir
  2. Olá Ludmila, você ainda está em BH? Se afirmativo que tal viesse um dia a Ouro Preto para um bate-papo com um grupo de Joves. Da cidade? Abs e aguardo contato!!!!

    ResponderExcluir
  3. Olá, hj estou de volta em minha Aldeia, mas poderíamos combinar, irei a Ouro Preto com todo prazer!
    Meu e-mail ludimilapaulino12@hotmail.com

    ResponderExcluir